Quando aquilo havia começado? Quando lhe entregou a aliança pedindo sua mão em casamento? Ou ponderou suas decisões enquanto estava na igreja, em frente ao padre assinando a livreta? Posso jurar que vi sua mão tremer.Mas não importa, estava apaixonada, amando e aquilo era um sinal de carinho, ele estava tão nervoso quanto eu.
E se meu marido chega e me vê com a carta?
Creio eu, nunca fui suficiente para ele.Depois do casório e a mudança, as coisas tornaram-se frias.Do rapaz romântico e divertido tornou-se um homem sério que servia apenas para trabalhar e sustentar a esposa.
Para onde os gestos, palavras de amor e desejo foram? E aquele puros olhares cheios de amor e sinceridade, no qual podíamos decifrar-nos sem palavras?Aquela amizade?
Morreu-se num poço sem fundo.
Depois acreditei que apenas uma mulher não era o suficiente.Chegava altas horas da noite dizendo que estava atarefado.Beijava-me os lábios e no minuto seguinte estava dormindo.Nem sequer pedia desculpa por ter feito esperar-lhe ou jantar sozinha, nem sequer explicava por que estava em volta de um perfume adocicado, muito incomum para homens.
Não importa.Eu estava amando,e disposta a perdoa-lo.
E se meu marido chega e me vê com a carta?
Então começou a brincadeira.Era um ritual.Todo dia as 15:00 aparecia na porta da minha casa uma carta presa a uma rosa.
Era uma forma de sofrer docemente, era uma forma de me iludir acreditando que aquelas cartas eram escritas por ele.E que a rosa representava a minha pessoa.Suave e amorosa com as pétalas, mas espinhosa e quente nas horas de paixão intensa.Ria comigo mesma lendo aqueles trechos.Porém quando foi a última vez que fizemos amor?Na verdade,acredito que depois do casamento passou apenas para o termo “sexo”.
Minha mãe e minhas amigas são minhas únicas paixões.Alertaram, mas quando se está apaixonada não se escuta e nem se enxerga.Sabia que as cartas eram escritas por elas.Eram dos meus amigos, amigas, minha família, outras até eram minhas.Tudo por conveniência.Só para fugir da realidade, me sentir amada, e por que não criar ciúmes.Apenas para esconder aquele buraco no meu peito.
Não importa, eu já estava magoada.O fogo da paixão já estava sumindo.
E se meu marido chega e me vê com a carta?
Talvez entenda o quanto estou carente e venha se redimir dizendo o quanto precisa de mim e que não suporta imaginar a vida sem a minha presença, que se arrepende por não me dar a devida atenção, mas que a partir daquele momento sou sua vida.Ou talvez venha furioso, xingue, grite, quebre objetos e vai-se embora sem olhar para trás.Não importa, a paixão acabou á muito tempo.
Texto escrito por Jessica,especialmente ao Projeto Bloínquês,concorrendo a 51ª Edição conto/história.
2 recadinhos:
O.O qual o final?
ele ve a carta?
ele gosta?
quero saber =P
hahaha, concordo com o Ruy. quero saber mais :(
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