terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Um vôo inesquecível!

Pendia o livro entre meus dedos enquanto procurava por uma posição mais confortável para ler, a poltrona era confortável, entretanto o mínimo de luz dificultava minha leitura, e óbvio, ficar muito tempo numa única posição não era uma opção plausível.Meu único consolo, talvez fosse por estar sentado ao lado da janela.
Por instante minha visão desviou-se da leitura para observar a pessoa que sentava ao meu lado, era uma senhora, não era velha, porém os resquícios de fios brancos detonavam sua passagem de tempo avançada.Ela se ajeitou ao meu lado e talvez, por se sentir observada olhou para mim, presenteando-me em seguida com um sorriso.
-Bom dia, meu jovem!
-Bom dia.-Devolvi educadamente.
Ela passou seus dedos levemente enrugados pelos cabelos e suspirou, a aeromoça que estava andando entre as fileiras prontamente veio nos atender, pedi um Wisky com gelo e a senhora apenas um chá gelado.O silêncio prosseguiu, não era algo que incomodava, além disso, não sentia-me à vontade para puxar papo com uma desconhecida, logo, poderia prontamente voltar a ler, mas havia algo naquela senhora que estava deixando o ar tenso, e quando a aeromoça voltou com os pedidos, por frações de segundos notei um leve tremor em suas mãos ao levar o copo em direção aos lábios.
-A senhora está se sentindo bem? – Ela acompanhou com os olhos meus braços puxarem o copo com o wisky próximo ao meu corpo.
-Oh, sinto incomodá-lo, bom, como vou explicar...A verdade meu jovem, é que nunca andei de avião na minha vida.Essa será minha primeira vez.-E riu constrangida.
-Compreendo, mas não há com o que se preocupar, confesso que no início também fiquei pouco à vontade, mas hoje, isso já se tornou parte da minha rotina.
-Isso é bom! – Ela engoliu outro gole.- Mas devo confessar-lhe que um dos motivos pelo meu temor, é que tenho medo de alturas, e o outro seria camundongos, mas,acredito não haja esse tipo de problemas no avião.
-Sobre camundongos,nunca ouvi falar,agora sobre o seu medo,é uma outra história.Mas sem querer parecer impertinente, por que a senhora resolveu viajar de avião?
-Ah, meu querido.-Ela suspirou, e em seus olhos a felicidade e o carinho transbordaram.-Minha filha, minha linda garotinha vai se casar...Como passa rápido!Juro ter visto ontem, ela correr em meus braços para contar sobre o primeiro dia de aula.Mas decidiu com o futuro marido,realizar a cerimônia onde se conheceram,Roma.O que uma mãe na faz pela filha,hein?!
A situação no entanto ficou engraçada quando ela,então,percebeu que já estávamos planando no ar,provavelmente tenha sido os solavancos provenientes das turbulências,seu rosto por um instante atingiu uma palidez quase tornando-a um fantasma.Percebi que ela agarrou suas mãos nos descanso da poltrona, e respirou fundo.Eu sorri para ela, como tentando passar segurança e funcionou, no minuto seguinte ela estava admirando a paisagem pela janela.Idéia minha, para que ela apreciasse o lado positivo de atingir as alturas.
O que eu, sinceramente não esperava, era que um menino sentando na poltrona da frente retirasse da mochila uma gaiola com um rato, o qual ficou admirando.
-Acabo de perceber que não me apresentei, sinto tanto, sou Marie e você? – Ela estendeu a mão para mim.Parecia alheia com as coisas.
-Mike.-Segurei sua mão.
E então, aconteceu. Com um último tranco o avião pegou velocidade, e a gaiola caiu no chão, Maria viu algo branco e peludo correr para suas pernas e começou a gritar ao meu lado, tentando colocar as pernas para o alto.Tão rápido aconteceu, que desnorteado, chamei a aeromoça que tentou acalmar a senhora.
Passada algumas horas todos estavam rindo da situação, o menino conseguira recuperar o rato, mas por via das dúvidas, concordou –literalmente, foi obrigado a ceder- em deixar o animal no bagageiro junto com os outros,ciente de que nada aconteceria ao seu amado Igor,como a carinhosa aeromoça fez questão de assegurar.
De tantas, aquela havia sido minha melhor viagem, não pelo desespero da senhora, mas pela forma como tudo ocorreu e como todos brincaram pelo resto do caminho.De certa forma, era bom saber que no próximo encontro entre familiares, eu teria algo para contar.



                  Pauta escrita por Jessica,para o Bloínquês, 53ª Conto/História.

3 recadinhos:

Caroline Araújo disse...

Ah linda, boa sorte no bloínques.
Ando correndo com a volta as aulas, mas amanhã estou aqui e levei a grande parte dos seus textos (mais antigos) que ainda não conheço. Grande beijo.

Tem selo para você no meu blog.
http://violetasqueplantei.blogspot.com/2011/02/chuvisco-de-selos.html

Caroline Araújo disse...

Você pode pegar os selos que você quiser, tanto os dois primeiros (o da imagem e do link) quanto qualquer outro que você ainda não tenha.
Grande beijo.

Caroline Araújo disse...

Desculpe-me querida, bloqueei por precaução mesmo.
Mas, basta clicar na foto e arrastá-la para uma aba.
Grande beijo.

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